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Não Existe a "Influência" dos Astros
Em que se baseia, então, a Astrologia?

Copyright 1999 Delphos Astrologia

      "Eu estudei Astrologia, Sir Halley. O senhor, não".
      Sir Isaac Newton - o grande físico, matemático e astrônomo inglês, que era também astrólogo profissional - respondendo a seu amigo Halley, que estranhava interessar-se um gênio científico por Astrologia.

    A tão decantada "influência" dos astros sobre a vida dos seres humanos não pode ser comprovada cientificamente. Por essa razão a Astrologia tem sido violentamente combatida por muitos cientistas, como físicos e astrônomos. E esse combate é mais do que justificado: afinal, os astrólogos vêm há milênios afirmando essa tal influência e, até hoje, não chegaram a comprova-la através de uma metodologia experimental aceitável.

    A idéia de uma ação gravitacional ou eletromagnética direta não se sustenta. Há evidentes empuxos gravitacionais entre todos os corpos do sistema solar. Mas, desde a superfície da Terra, apenas a ação gravitacional do Sol (porque é muito grande) e da Lua (porque está muito próxima) se fazem sentir com intensidade. Juntas provocam os efeitos de marés, que se exercem não apenas sobre as massas líquidas dos oceanos, mas também sobre as massas rochosas dos continentes - afetando, como não poderia deixar de ser, a todos os seres vivos, vegetais, animais e humanos.

    Não pairam dúvidas a respeito da suscetibilidade dos seres à influência gravitacional dos dois luminares. Bastaria, como exemplo, considerar o relógio interno de cada ser humano, governado pelos ciclos circadianos, derivados do movimento de rotação da Terra em torno do Sol. Quem tenha experimentado os efeitos de grandes diferenças de fusos horários durante as viagens sabe do que estamos falando. Por outro lado, é facilmente mensurável a influência da Lua num grande número de fenômenos e ciclos biológicos, que vão desde a abertura de válvulas das ostras até uma evidente relação da ovulação feminina humana com o ciclo lunar. Também já foi bastante comprovado, pela experiência dos plantões hospitalares e policiais, que os casos de internação por surtos psiquiátricos, casos de violência e agressões, são muito maiores nos dias no entorno da lua cheia e da lua nova.
    Uma outra influência mais sutil, exercida pelos quatro planetas maiores (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno) é também perceptível e mensurável. Trata-se do bem estudado fenômeno das manchas solares, variações cíclicas das perturbações provocadas na coroa solar pela ação gravitacional combinada desses planetas. Júpiter, por ser o mais próximo e de maior massa governa esse ciclo de 11,72 anos. A variação nas manchas solares provoca grandes variações no vento solar, copiosa emissão de partículas e de energia, que atinge a Terra constantemente. Essas variações cíclicas previsíveis afetam fortemente as comunicações, como já é bem sabido, mas sua influência vai muito mais além. Na verdade, o próprio clima na Terra acaba sendo afetado pelas manchas solares e muitos organismos respondem de forma perceptível às grandes tormentas do vento solar. Não é de admirar que se tenha conseguido comprovar vários ciclos de negócios humanos, principalmente agrícolas, ligados aos ciclos das manchas solares.

    Essas ações diretas ou indiretas do Sol, da Lua e de alguns planetas são de fato influências físicas verdadeiras. Como tal, são detectáveis, mensuráveis e explicáveis. Existem, então, as tais influências!

    Sim, isso é inegável. Mas esse tipo de influência a que nos referimos até agora não é uma "influência" astrológica. É uma influência astrofísica.

    Agora vejamos como são imaginadas as "influências" astrológicas. Um astrólogo tradicionalista irá dizer coisas um tanto non sense, ilógicas, porém algumas vezes corretas no que diz respeito a certos resultados práticos finais. Vejamos algumas:

    - "No seu mapa natal você tem o Sol em quadratura com Saturno. Esse é um mau aspecto, pois Saturno aflige o Sol e Saturno é o planeta mais maléfico. Por isso você é um sujeito fechado, retraído, tem dificuldades para se mostrar, tem complexo de inferioridade, pode ter tido problemas com seu pai".

    Traduzindo isso para o idioma português, o astrólogo está se referindo a um ângulo de aproximadamente 90 graus entre a posição do Sol e a de Saturno no mapa natal. Ele acredita que Saturno costuma produzir o mal e que Saturno está impondo ao Sol um efeito negativo. E vai mais longe: diz que você é fechado, retraído, etc., por causa dessa quadratura - em última análise, por culpa de Saturno, o grande maléfico.

    É incrível essa idéia de influência de um planeta sobre o Sol. Claro que não se pode sequer imaginar que exista uma força maior, gravitacional ou eletromagnética, que um minúsculo planetinha possa impor a uma estrela tão maior: se o Sol for imaginado como uma esfera de 14 cm de diâmetro (uma bola de futebol de salão), então Saturno terá que ser representado por uma bolinha de gude de 1,1 centímetros de diâmetro. E, até prova em contrário, é Saturno que é forçado a girar em torno do Sol - e não o oposto.

    Essa idéia de dupla causalidade - Saturno causa um efeito negativo sobre o Sol e, portanto, causa um efeito negativo sobre você, por toda a sua vida - tem contribuído para manter a Astrologia sob o foco crítico dos cientistas, uma vez que é insustentável. Contudo, apesar de não se poder comprovar uma relação de causalidade física, também não se pode provar que não existe algum tipo de CORRELAÇÃO entre a quadratura Sol/Saturno e possíveis traços de temperamento como os citados pelo astrólogo tradicionalista - inclusive a indicação de que vale a pena pesquisar um complexo de pai.

  • O Princípio da Sincronicidade

    É exatamente aí que está a mudança de rumo que a Astrologia moderna precisou fazer: abandonar a idéia de causalidade física e investir na idéia de sincronicidade, isto é, de relação com o TEMPO. Um astrólogo mais moderno, ao se referir àquela quadratura Sol/Saturno no mapa natal, a tomará apenas como indicadora simbólica de um possível complexo de pai a ser pesquisado na anamnese com o cliente, de um provável predomínio excessivo da função psicológica Superego (Saturno) sobre a função Ego (Sol) - com todo um potencial para diversos tipos de respostas, conscientes umas, inconscientes outras, que o cliente produz ante o estímulo inibidor internalizado na infância.

    Quem primeiro formulou, de forma absolutamente clara, como se processa essa relação do mapa astrológico com os potenciais psicológicos de uma pessoa, foi o psicanalista suíço Carl Gustav Jung. Partiu dele o estímulo para que os astrólogos deixassem de buscar uma relação de causalidade física de influência dos astros, para buscar uma relação da estrutura espacial com o Tempo, apenas. A partir disso, grandes reformuladores da Astrologia contemporânea, como o francês Dane Rudhyar, passaram a desenvolver uma nova visão psicológica da Astrologia.

    Essa nova visão permitiu que a Astrologia escapasse do determinismo rígido do passado, pelo qual se acreditava que os planetas seriam transmissores de misteriosos raios ou de vibrações eletromagnéticas - as quais ficariam para sempre indelevelmente marcadas no indivíduo, no exato instante do seu nascimento. Marcando-lhe assim, de forma irrecorrível, as características e o ‘destino’. Dos anos 60 para cá, sob o impacto das Psicologia Junguiana e da Psicologia Humanística, os astrólogos passaram a ver no mapa natal a indicação de um grande projeto de vida, de uma obra em aberto, a realizar, com possibilidades de evolução, crescimento interno, transformação e até transmutação. Fim para o maktub! Sua vida não está escrita nas estrelas.

    Foi observando a correlação entre fenômenos psicológicos e dados astrológicos que Jung concebeu sua Teoria da Sincronicidade. Ele definiu sincronicidade como "a ocorrência SIMULTÂNEA de um certo estado psíquico com um ou mais eventos externos, que aparecem como paralelos significativos do estado subjetivo do momento". A chave está nas palavras simultânea, momento - ambas introduzindo o conceito de Tempo. Simultâneo que dizer ‘ao mesmo tempo’ - em grego, syn (mesmo) kronos (tempo). Daí as palavras síncrono, sincrônico ou sincronístico, que são sinônimas. Jung escolheu formar a palavra sincronicidade para realçar a simultaneidade de acontecimentos exteriores e estados psicológicos interiores. Em termos de mapas astrológicos, pode-se enunciar o princípio junguiano de uma forma bastante simples:

  • Tudo o que COMEÇA num certo instante reflete a QUALIDADE desse instante.

    Um mapa astrológico pode ser útil não porque sirva para mostrar raios e vibrações misteriosos e não comprováveis, vindos de planetas benéficos ou maléficos. Mas porque serve como um padrão para encontrar, por analogia somente, a qualidade do instante em que uma pessoa, ou empresa, ou país teve seu COMEÇO. Se a pessoa ou organismo coletivo tiveram seu começo num certo e bem determinado instante - e não em outro qualquer dos infinitos momentos possíveis - existe, obviamente, uma relação entre essa determinada pessoa ou organismo e esse determinado instante. Nisso fica também implícito que O CAOS NÃO EXISTE.

    Quem quer que tenha estudado a fundo o funcionamento da mente humana e, somado a isso, tenha se aventurado pelos campos da Matemática dos Fractais e da Física do Caos, se verá tentado a admitir a mesma coisa: o ACASO NÃO EXISTE. Ou seja, atribuímos ao acaso ou ao caos aquilo que ainda não conhecemos perfeitamente. Por exemplo, o meteorologista de hoje, com o uso de computadores e satélites, erra bem menos do que seus colegas de duas décadas atrás. Por que, simplesmente, conhece mais e consegue medir melhor as variáveis do seu problema específico. Quanto mais ele avança nesse processo, mais as condições climáticas lhe parecerão compreensíveis e previsíveis. Menos coisas terá ele que deixar ao ‘acaso’ e reconhecer como imprevisíveis.

    Uma pessoa não nasce num certo lugar e num exato instante por acaso - pois esse acaso simplesmente não existe. Todo fenômeno inteligente pressupõe uma causa inteligente. Ora, a vida humana é um inegável fenômeno inteligente, por mais contraditória que possa parecer. Daí buscar-se a relação entre a vida de uma pessoa e o ponto exato do começo dessa vida, no espaço e no tempo. Daí que, para levantar um mapa astrológico e depois usá--lo na compreensão da vida de uma pessoa, tenha-se que começar sempre com as informações básicas de espaço (longitude e latitude do local de nascimento) e tempo (ano, mês, dia, hora e minuto exatos do instante do nascimento). Basta isso.

    O que faz o mapa astrológico natal então? Simplesmente oferece uma maneira de ESTUDAR O INSTANTE, compreender a QUALIDADE desse instante inicial. A partir daí, tudo vai funcionar através de uma série de analogias. Em que cada planeta ou asteróide ou signo vai, de uma forma direta ou indireta, estar relacionado com uma das muitas partes em que se divide a psique humana -algo mais facilmente compreensível através do conceito psicológico de ARQUÉTIPOS.

    Um mapa natal funciona pois de forma acausal, mediante a decodificação de uma linguagem que é apenas SIMBÓLICA. Saturno não causa nada, Saturno simboliza a função Superego, é um dos símbolos da figura arquetípica do pai - mas Saturno não é o Superego, Saturno não é o pai, Saturno não obrigou o pai a ser como foi na interação com o filho. Muitas vezes esse papel foi exercido pela mãe. O mapa astrológico pode ser usado como um padrão de referência acausal no estudo da vida das pessoas, empresas ou coletividades terrenas.

    Como não existem influências físicas definidoras, não interessam nem a massa nem as distâncias relativas dos planetas à Terra. Se elas fossem importantes, atuariam na razão direta das massas e inversa do quadrado das distâncias. Mas, como qualquer astrólogo experiente constata, o planeta que parece ter o maior valor hierárquico é Plutão, que "impõe" seus aspectos a qualquer outro com quem tenha um contato angular (chamado de aspecto em Astrologia), incluindo o Sol e a Lua. Mas justamente Plutão tem a mais inexpressiva das forças a considerar sobre a Terra, já que dista dela mais de 4 horas-luz e é ainda menor do que a nossa Lua - um minúsculo satélite de um planeta tão pequeno.

    O que fazemos então, modernamente, é considerar o mapa astrológico como uma estrutura sincronística, que nos permite inferir analogias a respeito do ser ou estrutura que tem início no instante nele retratado. Ele é apenas o retrato de um instante inicial que não aconteceu por acaso. Porque o acaso não existe. Com o auxílio desse mapa podemos cometer a indiscrição de deduzir coisas a respeito da relação de uma certa pessoa com sua mãe, por exemplo, sem que precisemos conhecer essa pessoa ou conversar previamente com ela. Podemos retirar um enorme número de informações sobre características psicológicas, físicas e relacionais dessa pessoa. E, como o mapa retrata, acima de tudo, um plano de vida, um projeto a ser desenvolvido, podemos também inferir informações a respeito de etapas futuras da vida dessa pessoa. É o que se chama Previsão Astrológica. Evidentemente as mesmas analogias podem ser empregadas para analisar características, relações e tendências futuras de uma empresa.

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