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Não há Saúde Grátis Como era de se esperar, a crise estabelecida há anos no setor da saúde pública acabou respingando na rede particular e ganhando grandes proporções nas últimas semanas. Uma situação que revela novas necessidades e, sobretudo, o despreparo de toda uma cadeia ligada à questão da saúde no Brasil. No âmbito corporativo, chama a atenção a forma por vezes equivocada de se tratar a saúde com base em resultados de curto prazo, porém não sustentáveis. Sejamos pragmáticos: saúde é uma ciência, questão primordial para qualquer país, mas também um negócio, que deve ser pensado, planejado e amadurecido para a obtenção de lucros. Nessa área, especialmente, há clientes corporativos e pessoas físicas com necessidades, expectativas e poder de escolha ainda pouco explorado. Para isso, dois fatores são fundamentais: a correta alocação de recursos e a adoção de políticas estratégicas visando ao conhecimento do perfil de cada cliente. Chegamos a um estágio em que o setor de saúde deve expandir suas fronteiras além do tratamento de doenças, atentando para a questão da prevenção e, principalmente, repensando as razões atuais para definição e aumento de preços que tanto assustam os consumidores. Assim como fazem todos os segmentos de nossa economia, é preciso olhar para a "cadeia de valor", com o objetivo de enfrentar o cenário competitivo e ganhar em sustentabilidade. Dessa forma, a absorção de custos voltados à compra de equipamentos como tomógrafos, raios-x, mamógrafos e ressonâncias é um dos itens que devem ser avaliados. No atual cenário de conflitos entre operadoras, seguradoras, hospitais, médicos e governo, esquece-se da síntese de todo esse debate, que é o cidadão. Em última análise, o cliente é quem julga, pondera, avalia e decide em contratar ou manter este ou aquele plano de saúde. E a saída imediata, na maioria dos casos, tem sido trocar de plano. Gradativamente, e como conseqüência de políticas errôneas, os planos corporativos e pessoas físicas vem sofrendo o que chamamos de dow grade mudança de plano segundo o critério exclusivo de preço ao mesmo tempo em que cresce o número de usuários do SUS (Sistema Único de Saúde). Diante desse quadro, algumas questões são fundamentais, dentre as quais destaca-se as alternativas para lidar com a escassez de recursos que se manifesta em todos os setores da economia, inclusive no da saúde. Outro ponto crucial é garantir, aos clientes corporativos, a redução de custos com planos de assistência médica, item que hoje representa o segundo maior gasto das empresas com benefícios de funcionários. Imprescindível é, portanto, tratar esse contexto como um fenômeno econômico-social do século 21, com a criação de novas soluções e novas respostas específicas para realidade brasileira. Para isso precisamos eliminar o preconceito dos setores privado, governamental e da sociedade civil organizada de que saúde e lucro não combinam. E encarar de frente a heterogeneidade, as diferenças de objetivos, as ideologias e o corporativismo em toda a cadeia de valor. Um caminho natural, porém pouco explorado, é a formação de alianças estratégicas entre operadoras, seguradoras, hospitais, médicos, indústria farmacêutica, centros de diagnósticos, odontologia e redes de farmácias, com o objetivo de prestar um serviço de qualidade, com a unidade entre todos os fornecedores, e mostrar ao cliente o seu papel no processo. As alianças estratégicas, no século 21, fazem parte do processo de reinvenção do negócio das organizações corporativas No setor da saúde, o compromisso é para com o bem-estar. Inserir, pois, o foco do cliente na cadeia de valor, bem como utilizar ferramentas de qualidade para definir métricas ou indicadores do processo de saúde e praticar o benchmarking como fazem as empresas multinacionais são algumas dessas novas respostas que propomos. A tarefa não é fácil. Entretanto, sempre é possível, inclusive na área da saúde, ampliar a visão econômica e social do setor corporativo para o foco do cliente, que detém o poder da decisão final. |
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