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O Paradigma do Nome Sujo Em estudo do WorldWatch Institute "State of the World 2004", o Brasil é o sétimo colocado no ranking dos mercados consumidores. A posição parece auspiciosa, mas não resiste a uma análise mais realista, pois apenas 33% de sua população, ou cerca de 59 milhões de pessoas, incluem-se na chamada sociedade do consumo. Os dados demonstram haver imenso potencial para que a Nação amplie o número de cidadãos, dentre os 180 milhões de habitantes, com poder de compra suficiente para lhe garantir posição mais destacada. O percentual de brasileiros consumidores é inferior ao da Rússia, que viveu praticamente todo o Século XX sob a égide do socialismo, tendo emergido ao capitalismo em meio a uma grande crise. Lá, 43% dos habitantes são consumidores. Tivéssemos aqui este mesmo índice, contaríamos com 77 milhões de pessoas na sociedade do consumo, saltando para o quinto lugar no ranking, à frente da Alemanha. A classificação dos países permite constatar a importância da distribuição de renda e o fato crucial de que um mercado atrativo não se delineia apenas pela demografia. Em primeiro lugar no ranking dos consumidores estão os Estados Unidos, com 242,5 milhões de pessoas (84% da população). A China é o segundo, com 239,8 milhões (apenas 19% dos habitantes). A Índia é o terceiro, com 121,9 milhões de consumidores (só 12% da população). O Japão, que tem o maior percentual de habitantes incluídos na sociedade de consumo (95%) é o quarto colocado, com 120,7 milhões de pessoas. Em seguida está a Alemanha (76,3 milhões de consumidores ou 92% da população). Depois, vêm Rússia e Brasil. O avanço do País no ranking dos mercados consumidores depende, claro, do sucesso de toda uma política de desenvolvimento, que começaria com o crescimento sustentável, passaria por políticas públicas mais eficazes de educação, saúde e inclusão social, e culminaria, necessariamente, com melhor distribuição de renda, por meio do aumento do número de empregos e valor relativo dos salários. Entretanto, enquanto patinamos em nossos problemas, há soluções eficazes para ampliar, mesmo no presente quadro, o número de consumidores. Basta, para isso, enfrentar o gargalo do crédito. Este problema começa nos altos juros e no spread superlativo de 40% nas operações prefixadas. Recente estudo da Fiesp mostra que são gastos no País R$ 118 bilhões por ano em juros. Deste total, R$ 73 bilhões referem-se ao spread bancário. Os números demonstram o porquê de muitos brasileiros, mesmo alguns com renda razoável, estarem alijados do consumo regular. Os problemas do crédito, porém, não se resumem aos juros, cuja solução cabe ao governo. À sociedade, não basta pressionar nesse sentido. Além disso, é preciso fazer o que lhe é possível. E, neste aspecto, talvez a ação mais importante seja quebrar o paradigma do "nome sujo" nos sistemas de análise de crédito. Estes devem estimular e não barrar os negócios, colocando a tecnologia de ponta hoje disponível a serviço do aumento das vendas, do crescimento econômico e dos direitos do consumidor cidadão. |
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